Pandemônio portátil.

Acabo de ler um artigo de Rafael Falcón em resposta ao que Paulo Sérgio de Vasconcellos publicou em 2014 no primeiro volume da revista Nabuco. O propósito é rejeitar a euforia do professor da Unicamp quando atribui a vitalidade dos estudos clássicos ao processo de desatrelar o latim de uma espécie de catequese ranzinza ou, em última instância e até pra irmos direto ao ponto, da direita. Para Falcón, não só a ideia de que o latim algum dia teria sido de direita é questionável, afinal de contas a língua por si só não tem ideologia nenhuma, como a própria sugestão do que seria a direita (algo como uma congregação de retardatários maléficos) é ridícula e ridículas as demais associações daí decorrentes, por exemplo a de que o ensino de latim, ou mesmo o ensino de modo mais amplo, pode ser desatrelado de valores morais ou que o latim deva ser ministrado por professores bonzinhos a ponto de incompetentes, tudo ao gosto do aluno que quer tudo de mão beijada.

A imagem passada pelo texto-resposta é a de que o professor Paulo Sérgio seria uma espécie de burocrata entorpecido que vê no ensino de latim algo vazio e desvinculado de qualquer tipo de excelência humana. Aquilo que Falcón, num artigo publicado também na Gazeta em outubro de 2016, chama de "idolatria de tecnicismos", muito recorrente nos cursos de Letras e inteiramente oposta à índole verdadeira de uma educação clássica.

Alerta vermelho de imagem falsa. Em matéria publicada em 2006 pelo Estado de São Paulo, Paulo Sérgio, entrevistado por uma equipe de jornalistas, além de se referir com entusiasmo ao ensino de latim, caracteriza por exemplo as obras literárias antigas como geniais e se refere a um poder multiplicador dos estudos clássicos, ou seja, se os jovens descobrem "que seu estudo pode ser fascinante, agradável e gratificante", então isso irá repercutir nas próximas gerações. "Como acontece com os melhores frutos do espírito humano, esse interesse jamais morrerá." Apenas aqui conseguimos notar que o retrato pintado por Falcón está besuntado de maledicência. Veja o que é dito no final do penúltimo parágrafo. Como imputar ao professor o propósito de "estudo artificial e estéril duma língua e duma literatura morta, irrelevante para o homem moderno", ou como falar, ainda, que teria negado a relação da literatura com valores transcendentais, quando em entrevistas anteriores deixa claro o suficiente que a literatura produzida pelos clássicos, além de genial, é fruto, dos melhores, do espírito humano? Que ela é capaz de gerar um interesse imorredouro?

Até consigo entender que Falcón tenha feito a confusão a partir do que, pelo jeito, ficou implícito no texto publicado na Nabuco. E até consigo, vá lá, entender que não tenha tido acesso à entrevista que mencionei ou mesmo a qualquer outro trabalho do Paulo Sérgio, reconhecido como intérprete de Catulo, como leitor arguto das personas poéticas e da arte alusiva na poesia antiga (lembro-me, em especial, de um artigo que rastreia as fontes horacianas da ode "Fogem as neves frias" de Camões), como estudioso da sintaxe latina, como adaptador de obras clássicas (e neste sentido lembro também sua ótima introdução à poesia épica a partir de Ênio e Virgílio), bem como seu trabalho ao coordenar o projeto Odorico Mendes. Ou seja: não é um especialista qualquer. Se Falcón estivesse tão a par dos estudos universitários como afirma estar, deveria conhecer o nome de Paulo Sérgio. Mas tudo bem. Suponhamos que tenha ocorrido um lapso ou que realmente não o conheça. A pergunta crucial é: se não conheço meu interlocutor, não seria no mínimo mais sensato e honesto de minha parte que me abstivesse de hipóteses levianas?

Mas não quero ser injusto. Nisto de hipóteses levianas eu acho importante, muito importante ressaltar que leviana a seu turno foi a sugestão de Paulo Sérgio ao atribuir o interesse renovado pelo latim ao abandono de uma abordagem jungida a preceitos direitistas, traduzindo (e é aqui que a porca torce o rabo) a direita num ensino formalista, ineficiente e odioso, grosso modo as mesmas características que Falcón repudia. Não é preciso irmos longe demais para notarmos que esse afã de rotular ideologicamente o ensino do latim de décadas passadas confunde as bolas e soa facilmente injusto. O problema é que... Olha. Não estou certo se estamos diante de um erro incurável ou do pior dos males, afinal de contas imagino que ao juntar o bloquinho "latim" e o bloquinho "direita" o professor se refere a um tipo de ensino encabrestado pelo cabedal de preceitos retrógrados.

Permitam-me ser enfático: mesmo que consigamos atrelar o latim da ditadura à cartilha linha-dura pró-militarista, isto ainda assim não seria nem de longe o suficiente para que concluíssemos que toda e qualquer forma de defesa conservadora da cultura clássica seja necessariamente uma repristinação de épocas passadas. É quando entram as justíssimas objeções levantadas por Falcón. Partilho da opinião que a parcela talvez mais admirável do interesse pelo latim surge precisamente das mãos de canais conservadores que se esforçam em dar um pedacinho sequer do biscoito fino da cultura clássica para os brasileiros, no que podemos citar, de imediato, a própria iniciativa de Falcón ao criar um curso online de latim e militar a torto e a direito em prol do cânone. É algo a ser aplaudido de pé e afastado de maneira enfática de qualquer sugestão que de forma a seu modo maldosa sugira que a abordagem conservadora do ensino clássico é necessariamente estéril, quando sabemos muito bem que abordagens universitárias podem ser, com igual facilidade, tão ou mais. Se o ensino de latim de décadas atrás redundou numa espécie de circo de horrores, isto se deu menos a uma suposta ideologia da língua e sim à ineficiência do Estado no quesito ensino de idiomas estrangeiros, quadro que ainda hoje se repete quando observamos alunos passarem quase uma década inteira travando contato com um idioma estrangeiro apenas pra saírem do Ensino Médio tentando puxar portas ao primeiro sinal de Push.

Se é justo, portanto, que Falcón esclareça os pontos sugeridos equivocadamente por Paulo Sérgio, também seria justo que se acautelasse antes de fazer tantas ilações inconsequentes, enfiando o latim universitário como um todo na vala comum onde dorme a ineficiência estatal. Não precisamos de bandeiras tatalando ao fundo. São elas que Falcón tenta hastear quando quer nos convencer que a direita "é, neste momento, a única que está disposta a protegê-lo [ao latim] contra o assédio de mil variantes da esquerda política e universitária." Convenhamos, convenhamos. Qual a necessidade de atear fogo no descampado? Não há. É o que passo a batizar de pandemônio portátil. Se você não dizer para o leitor que lá fora encontramos o caos e que só aqui, no conforto do edredom da imaginação moral, a paz de espírito pode ser gozada; se você não faz isso, então é como se abrisse mão de convencer os ouvintes. As ações feitas pela parcela engajada do conservadorismo brasileiro em prol da cultura clássica merecem todas as loas, mas não penso que isto deva ser feito na base de bravatas como a de dizer que nas traduções dos clássicos feitas hoje em dia nós só encontramos "a inépcia na língua de partida e o iletramento na de chegada".

Não é a primeira vez que Falcón realiza esse tipo de crítica genérica. Vejo-o fazê-lo com uma frequência incômoda. Quem abre sua página nas redes sociais não terá dificuldade de encontrar indiretas incrustadas em seus textos. Numa delas, por exemplo, embora se inclua no quadro, diz ter percebido ao longo da vida que "todas as nossas classes estavam muito aquém do necessário para exercer suas funções: os universitários não conseguiam ler, os cientistas não conseguiam pensar, os poetas não conheciam as palavras, os matemáticos não sabiam o que eram números." (Como podem ver, um polímata: decreta a crise até da matemática.) Noutra, diz que com exceção de Manuel Bandeira, Rachel de Queiroz e Raul Martins em sua recente tradução de Chesterton, "nunca tinha lido uma tradução portuguesa decente na vida".

Parec-me claramente sintomático que ao criticar as traduções brasileiras Falcón não cite um único nome, não dê um mísero exemplo. É o mesmo tom a um só tempo apocalíptico e triunfal que sobressai de seu prefácio à edição das seletas das Metamorfoses de Ovídio traduzidas por Bocage: os estudos realizados a respeito do poeta romano seriam um mar infindável de invencionices, asneiras, pedantices e delírios signifying nothing a respeito da verdadeira grandeza de Ovídio como base da nossa cultura e padrão de excelência para qualquer ser pensante. Pois é lendo a descrição de um cenário tão preocupante e aterrador assim que me questiono se rebobinar a fita do Ovid matters em todo artigo acadêmico, ou pelo menos a certa altura da introdução, muito à maneira de uma invocação às Musas, seria realmente interessante a nível universitário, isto é, cabe indagar se o fato dessa ladainha toda a respeito da importância do poeta, claramente uma verdade, não estar explícita ou explícita o suficiente para o gosto de Falcón constitui motivo apto a embasar sua conclusão apressada de que os estudos clássicos desprezam tal dimensão, e, mais até do que a desprezarem, substituem-na por análises desinteressante sobre ninharias tais como saber se no poema 5 de Catulo as personagens manejariam um ábaco.

Besteira. Sinto o cheiro de empáfia quando Falcón puxa a descarga e descarta os estudos clássicos em massa a partir de acusações genéricas e cintilantes saídas de quem estufa o peito e diz o que diz com eloquência. É o que ocorre quando se vira pro leitor e afirma ter testemunhado, "com estes olhos que a terra há de comer", o quase que iletramento de seus colegas de curso que, embora talentosos, "terminam a graduação em latim sem serem capazes de ler uma peça clássica". Se é ou não verdade eu sinceramente não sei. Não direi também que se trata de exagero, pois, mais uma vez, não faço a mínima do que Falcón andou presenciando nos corredores universitários. Mas que ele sempre opere ou a partir do relato testemunhal ou a partir da generalização anônima, é algo que deveria nos colocar pelo menos de orelha em pé.

Lembra o nonsense de Bruno Tolentino querendo nos convencer que os irmãos Campos não conheciam língua nenhuma das que se propunham a traduzir ou Olavo de Carvalho dizendo que as traduções brasileiras, de tão ilegíveis, fazem com que o sujeito pegue o livro e o retraduza mentalmente. Sei que por um lado há toda um prazer pela polêmica em afirmações assim, a do Olavo mais elegante e divertida que a do Bruno ― mas querer levá-las a sério demais, muitas vezes exagerando credenciais que nem são lá essas coisas, não faz muito sentido. Falcón, até onde me é possível mensurar, fez bem ao criticar o que havia pra ser criticado no texto de Paulo Sérgio, mas se equivoca quando precisa desmontar seu pandemônio portátil a fim de que seduza seu público. Custa crer que os estudos clássicos estão nesse estado periclitante que o articulista sugere, principalmente quando se lê as publicações de revistas acadêmicas abalizadas, por exemplo a Classica, mantida pela USP, ou a Nuntius Antiquus, pela UFMG.





Creio que um principais dos fornecedores de pandemônios portáteis hoje no país é o pensamento grupal. No caso do conservadorismo podemos pensar também no pessimismo inerente a sua visão de mundo, com um senso de alarme e derrocada por vezes mais apurado e recorrente do à esquerda. Mas o pensamento grupal. Em verdade vos digo que todos estamos sujeitos a algo do tipo. Posso parecer uma pessoa muito isenta e sensata, dessas que rejeitam com cara feia a papinha do golpe e do Foro de São Paulo, mas se você se achegar com jeitinho na caixa de comentários, depositando os elogios adequados e as indiretas convenientes, é bem possível que isto baste para que iniciemos um debate apaixonado sobre como as panelinhas lá fora apodrecem a literatura, principalmente aquelas com as quais discordamos. Quer dizer: é muito fácil sair por aí acusando a torto e a direito a existência de confrarias maléficas por trás de toda obra que nos pareça ruim ou de toda crítica que manifeste uma opinião divergente. O problema é provar e aguentar a retranca quando nós mesmos ou participamos de uma sem que o percebamos ou fazemos o que até então só os inimigos da literatura faziam de detestável.

Darei um exemplo. Rodrigo Gurgel. Quem conhece sua obra crítica sabe que é alguém que trata com severidade a literatura contemporânea, severidade a ponto de numa edição passada do Jabuti ter atribuído nota zero a um dos romances favoritos para o prêmio. Por tabela, crítico da rede de condescendências que teria se apossado da literatura contemporânea brasileira, transformando-a naquilo que Luis Dolhnikoff anos atrás chamou de social club. O problema de acusações assim, eu repito, é simples: ou você me vem com um meio de prova que confirme sua tese de que existe uma procissão de tapinhas nas costas, ou então você desiste de fazer esse tipo de acusação em público, afinal de contas não basta simplesmente que se detecte que o resenhista é amigo pessoal do escritor para que se ligue os pontos.

No caso do Gurgel, veja o que publicou recentemente em sua página pessoal a respeito do livro de contos do Yuri Vieira. Ali ele o caracteriza como escritor de enorme habilidade. Você termina de ler e chega se sente mal por não ter o bendito exemplar acondicionado na estante. Sobre o conto "A menina branca" diz que "tudo é perfeito", por exemplo a "voz, irônica e sarcástica nos momentos certos" ou "a maneira como elabora a introspecção de Edgard", o protagonista. Aponta também se tratar de um escritor de timing correto e capaz de elaborar "uma linha de crescente emoção". Ora. Minha opinião não poderia ser mais contrária. Pincelemos um único parágrafo do conto, em que o protagonista chega em casa e se dá conta do sumiço de seu pássaro  de estimação:

Precipitando-se até a gaiola, que estava na cozinha, o rapaz crispou as mãos: o gato a havia derrubado da parede! Agora não havia senão uma gaiola aberta e algumas penas cinzentas, brancas e castanhas pelo chão. Sentiu a adrenalina lhe subir à cabeça. Aos poucos, seu próprio lado animal e irascível começou a dominá-lo. A revolta contra os defensores da superioridade animal, contida à custo durante a manhã, pareceu abrir passagem pelos seus nervos e descobrir finalmente um bode-expiatório. Ou melhor: um gato-expiatório. Olhou, pois, em torno, a testa porejando, ansiando por descobrir o pássaro, são e salvo, empoleirado em algum lugar. Mas, infelizmente, Nevermore havia desaparecido.

Não sei que timing correto pode existir num texto que pausa a máquina narrativa só pra chegar com isso de "gato-expiatório". A narração não apresenta nada de especial; na verdade, pior do que isso, ela chega à façanha de descrever de maneira morna e insípida uma cena que em tese deveria pelo menos retratar ou sugerir alguma coisa da raiva que passou pela cabeça de Edgar. A inclusão de conectivos como "pois" na penúltima frase ou o advérbio "infelizmente" na última é o tipo de gordura adiposa que qualquer prosador minimamente consciente do seu trabalho não hesitaria em cortar. Claro que o narrador é um camaradinha introspectivo e propenso a comentários sarcásticos. Nós entendemos. Só não entendemos o porquê o é das maneiras mais entediantes e ineptas possíveis, principalmente quando confrontamos suas características com o que outros narradores ácidos têm a oferecer.

Se quisermos ficar com apenas um, citado mais cedo por Gurgel em sua resenha, poderíamos ficar com o de Roth em A marca humana. Faça você mesmo o teste e me diga se nalgum momento Roth tem a coragem de tirar da cartola uma sacada tão deprimente quanto a do "gato-expiatório" ou se chegaria a um parágrafo tão redundante quanto o de Yuri Vieira. Veja a primeira frase. A primeira. Se a escolha de verbos como "precipitando-se" ou "crispou" sugerem a raiva que se apossa de Edgar, não é isso o que te dá carta branca pra gastar o tempo do leitor informando que o gato derrubou a gaiola da parede e, um pouco depois, que a gaiola estava aberta e com penas no chão. Ou seja: a segunda informação, além de mais sutil e efetiva para a construção da cena, nos permitindo por exemplo vislumbrar a beleza do pássaro pela coloração das penas, consegue suprir a cena dispensando a existência da primeira e, por tabela, o ingênuo toque de surpresa do ponto de exclamação em seu final. O mesmo pode ser dito da adrenalina subir à cabeça e então o "lado animal e irascível" dominando Edgar. A própria escolha de "irascível" como acompanhante de "lado animal" já mostra que Yuri só quer falar pelos cotovelos; mas que ele o tenha feito logo depois de esmiuçar o que corria na corrente sanguínea da personagem é desnecessário. Corte a primeira frase que pronto: a mesma ideia chega até o leitor.

O que dizer, portanto, dos elogios de Gurgel para um escritor capaz de digitar algo tão ruim assim? Ou, até pra deixar a coisa mais apimentada: o que dizer depois que sabemos que crítico e escritor são amigos pessoais? É relativamente simples descobri-lo. Ao participar do II Encontro de Escritores Brasileiros na Virgínia, relata sua visita num texto que estampa em letras garrafais: "camaradagem e inteligência". E não quero sugerir que tenha sido o contrário. De fato o encontro contou com personalidades notáveis, por exemplo Érico Nogueira, de quem sou admirador confesso. Mas veja você que, além dele, do próprio Gurgel e de Olavo de Carvalho, Yuri Vieira posava sorridente para as fotos.

Pois bem. Eu respondo: nada. Posso no máximo rir comigo da ironia que é ver alguém que sempre rosnou com o social club da literatura contemporânea de repente estar na iminência de sofrer as mesmas acusações. Não vou, é claro, encarar os fariseus e sugerir com a voz empostada que Gurgel tenha elogiado o livro apenas porque Yuri é seu amigo. Já o disse noutra postagem aqui do bloguinho e repito: considero Gurgel um crítico notável, notável entre os notáveis hoje. Não é porque elogiou um livro a meu ver ruim que irei jogar fora o resto de seu trabalho, e isso pelos mesmos motivos que não me estatelo no chão porque erraram a mão ao salgar o bife hoje. O máximo que me cabe dizer sem que flerte com teorias conspiratórias é que Gurgel gostou de um livro que eu odiei. Se encontrou tudo o que diz ter encontrado no conto de Yuri, fico feliz por ele. Juro que tentei fazer o mesmo, motivado em grande medida por sua análise, mas não consegui. O máximo que posso fazer é seguir meu caminho, expressar minha opinião e não manchar sua reputação com farpas desnecessárias de maledicência.

Embora eu realmente veja vestígios desse tipo de pensamento grupal tanto em Gurgel quanto em Falcón, não creio que seja útil para o debate avançar muito neste quesito. Eles podem ver o mesmo em mim, quem sabe. Nossa personalidade social, já dizia Proust, é fruto do pensamento alheio. Se Falcón hoje esbraveja contra os estudos clássicos, a mesma coisa, com as mesmas ferramentas e as mesmas abstrações vazias, pode ser feito contra seu trabalho.