Leitor, leitor hipócrita.

No célebre prefácio ao seu Cromwell, Victor Hugo se refere a um passo decisivo que a poesia do período estava prestes a dar. Qual seja: o de que a partir de então procederia como a natureza, misturando em suas criações (sem confundi-las, entretanto) a sombra com a luz, o corpo com a alma, o animal com o humano, o grotesco com o sublime. Ora: com isto aquele preceito clássico de que o tom do poema deve se ajustar ao assunto abordado recebia um abalo. Um dos primeiros, mais especificamente, haja vista que apenas trinta anos depois Baudelaire faria menções a veneno, sexo, narcóticos, punhais e prostitutas em seus versos, arrematando que nada disso (“la ménagerie infâme de nos vices”) era pior que o Tédio. Porque isto, isto não era algo expresso da boca pra fora e nós, leitores, leitores hipócritas, o sabemos tão bem a ponto do poeta nos chamar de iguais, de irmãos.

O que estarrece numa passagem assim não é a crueza e violência das imagens, em tudo opostas ao recipiente floral a que estávamos acostumados. Antes, é que o Tédio seja colocado na posição de pior dos vícios, como se nenhum daqueles animais peçonhentos aguilhoando a alma fosse o bastante para que ao menos nos incomodássemos. O poeta sabe que tomamos nota de muito mais diariamente e que, apesar da careta de pasmo perante a celulose, ao fim e ao cabo iremos nos recolher ao aconchego mágico de uma fortaleza de brochuras, inflexão caseira do que Bruno Tolentino chamava de “o mundo como Ideia”. Tolice, portanto, que se queira retratar cenas cada vez mais escabrosas como se o sobressalto do leitor fosse seguido de um basta. Para quem se anestesiou e entorpeceu de sensacionalismo, modorra e incisões imaginárias, as vísceras no assoalho fazem parte de uma realidade que pelo jeito até existe, mas a qual nem de longe concebemos com a profundidade necessária.

Pois bem. Partindo do princípio que o mesmo leitor que folheia seu exemplar dAs flores do mal com a ponta dos dedos é quem conhece os destroços de uma cidade síria tão somente a partir do vagão de algum abaixo-assinado, mas também prestando atenção no novo coleguinha de classe, o “leitor sensível”, cabe perguntar se o espasmo de muitos, de que literatura sob crivo de “leitor sensível” trai o real propósito da arte da palavra, fugiria das sombras que o Tédio, “ce monstre délicat”, ainda assim é capaz de lançar.





Antes, porém, mais atenção. Em terra de pós-verdade quem termina texto é rei. Quero dizer: o leitor sensível, designado para missões infantojuvenis, possui como escopo o impedir que no imaginário dos impúberes existam coisas como escravos sorridentes. E este, meus caros, é o ponto cego da coisa toda. A princípio a comunidade literária pensou ter enfim chegado o dia em que nossos aedos haverão de assujeitar-se ao azedume gratuito de quem guarda na maleta apenas um fenótipo e um rol de “experiências desagradáveis” ao longo da vida.

Temor justificado, bem se entenda. A neurociência já comprovou que ler ficção aprimora nossa capacidade empática: ao nos colocarmos tão próximos da perspectiva de um protagonista, nós como que trocamos experiências a um nível de vivacidade tão grande que só na base de muito melodrama uma produção textual como a jornalística consegue alcançar. O problema é que esse aprimoramento não ocorre de maneira gratuita, requerendo do leitor saltos nem sempre confortáveis. Mesmo quem defende a propensão moral da literatura ainda assim entende quão tolo seria se venerássemos apenas aqueles textos onde as pessoas do bem (isso mesmo: as do bem) contam com algum salmo na ponta da língua.

Pôr em parêntesis nossas idiossincrasias é o mínimo que se requer. Se a incumbência for a de ler um poema barroco, por exemplo, então cabe suspendermos até mesmo nossos conceitos de literatura, autor, obra, qualidade, novidade. Isto sem nem mencionarmos o caso daqueles escritores que colocam tudo num balde de sarcasmo sulfúrico, onde a suspensão, decorrente do salto mortal em direção à obra, não encontra solo firme assim que chega, precisamente, na obra. É o caso de muitos narradores de Machado, Nabokov ou Roth, onde sistemas de verdade são corroídos no íntimo a ponto da construção de outros, substitutos, também parecer inviável. Humbert Humbert, de tão palpitante, com tantas peculiaridades e com tamanha capacidade descritiva, imerge de seu abismo degradante, nos agarra pela gola e arrasta. Todavia, ao mesmo tempo que o faz, Nabokov retarda seus gestos e coloca em cheque os próprios instrumentos textuais quando ironiza a voz narrativa ou quando, na figura do dr. John Ray Jr., que assina o prefácio, retrata o leitor diante do livro, pasmo com a baixeza da personagem e ao mesmo tempo encantado com “how magically his [H. H.] singing violin can conjure up a tendresse, a compassion for Lolita that makes us entranced with the book while abhorring its author!”

Com a literatura infantil, por outro lado, muita coisa muda de figura. Não parece correto que coloquemos crianças em contato com as elucubrações doentias de um Raskólnikov. Resguardá-las é positivo, assim como é positivo que sejam educadas num mundo onde já não se pode mais, com toques de feitiçaria, fingir que larga parcela da sociedade simplesmente não existe ou que pode ser reduzida até que caiba na jangada dos preconceitos.

Ora: é comum que se exija, de obras infantojuvenis, o serem de algum modo didáticas, ainda que às custas da incisividade estética. As delícias da arte pela arte no geral só são saboreadas na idade adulta, quando o indivíduo já se tornou chato o suficiente para sublinhar cacofonias. Quando o trato é com crianças, mesmo um contramestre como Olavo Bilac pode se sair com:

           Prega o amor! e prega a paz!
           Mas, se isso for impossível,
           Não fujas! cai batalhando!
           E, se morreres lutando,
           Morre! feliz morrerás.

Para quem enxergava a construção de uma Nação como um trabalho essencialmente braçal, distante portanto da glorificação passiva das riquezas da terra, e para quem seria entronizado como patrono do alistamento obrigatório, não causa espanto que uma mensagem assim (“se morreres lutando, / Morre!”) exista num poema destinado a crianças. Nem, tampouco, que a finesse da rima rica dê lugar a dois verbos no gerúndio cruzando os braços. Eu disse: é comum que isto ocorra. Nos pampas infantojuvenis a obra estufa o peito e aspira outras pretensões.





Não vejo como a correlação entre a figura do leitor sensível e a do censor seria cabível num contexto onde se entende como positivo que os ideais transmitidos às crianças devam passar por um teste a priori simples de checagem com a realidade dos fatos (algo como: “ser escravo e saltitar de alegria – verdadeiro ou falso?”) e com uma agenda de mundo que sonha erradicar as injustiças sociais. Mas, resposta quase que automática e justíssima, propósitos tão nobres não impedem que a noite de certas utopias enuble os sóis do talento artístico. Podemos traduzi-lo no seguinte questionamento: os livros infantis de Monteiro Lobato passariam pelo crivo dos leitores sensíveis?

Penso que existem sutilezas no assunto. A militância tateia no escuro e não raro se arrebenta. A experiência nos mostra, aliás, que o poder que passa pelas mãos da esquerda tenciona achatar a liberdade em prol de coaxos periódicos por igualdade. Só que não acaba aí: há que se reconhecer que nesta massa pastosa existem pontos relevantes. Um deles surge quando trazemos à mente um passado não tão distante onde o Caçadas de Pedrinho foi chamado de racista e, salvo engano, logo após se pediu que fossem adicionadas notas de rodapé contextualizando o leitor e que a obra fosse retirada da lista do Programa Nacional Biblioteca de Escola (PNBE).

A acusação é grave. Como dito por Emmanuel Santiago ao comentar o assunto, “Se o racismo existe na obra, se está configurado nela, então se trata de um dado literário que necessita ser encarado como tal”. Muito se debateu e pretendeu enxergar nas críticas ao racismo em Monteiro Lobato uma forma grotesca de censura: num jornal goiano, por exemplo, o articulista alertava para uma “criminalização da literatura”. Parece exagerado, eu concordo, mas é um exagero que se dissipa quando enxergamos, um pouco à base do binóculo, estudantes vitaminados de pós-estruturalismo descartando clássicos da literatura como quem despetala um malmequer. O problema é que volta a ser exagerado quando notamos que a proposta era muito mais inofensiva e que atuava só no âmbito infantojuvenil. Temer que leitores sensíveis deem seu aval até para os clássicos é algo que quando muito demonstraria uma força de vontade estupenda por parte da editora em se suicidar publicamente, afinal de contas seriam do princípio ao fim escolhas feitas por quem estivesse francamente disposto a rasgar dinheiro.

Ora: o leitor sensível atua na literatura contemporânea. Este é seu habitat. Se o seu parecer, mesmo supondo que seja aceito na íntegra, arrastar um móvel que seja, isso basta para que algum leitor irrompa do pântano, compare as edições disponíveis e abra o berreiro, fincando uma estaca no coração das boas pretensões dos editores lunáticos. Péssima estratégia, portanto. Porque já com a literatura contemporânea a conversa é outra: a partir do momento em que a editora preside o nimbo das obras inéditas e dos autores não-consolidados, o leitor sensível só precisa atuar por debaixo dos panos. A obra deste escritor é toda permeada de suásticas? Oh, sim, entendemos. Avaliamos o seu original mas não temos interesse.

Muita censura, como puderam ver. Lobato não passaria pelo crivo de um leitor sensível hoje? É. Provavelmente não. Mas, supondo que existisse um leitor sensível em seu tempo, talvez passasse. Não sei. A obra dele, como a de qualquer ser pensante, possui matizes, e o fato de que tenha sido racista como pessoa e tenha besuntado de racismo alguns de seus livros não diz que os tomos de sua obra completa, quando enfileirados, revelem algum palavrão. Neste sentido é que a pergunta não é tão incisiva quanto supõem e nem é cabível que seja feita sozinha: ou seja, é também de se questionar quem escreveria hoje um livro infantojuvenil com repiques eugenistas à maneira de Lobato, e, supondo que alguém o faça, questionar que tipo de censura existiria em pelo menos passá-la pelo crivo de quem sente na pele as tolices de ideias assim. Quando lemos um escritor do passado e constatamos laivos racistas ou misóginos em suas obras, é comum que os coloquemos entre parêntesis ou, o que pode ser mais produtivo, que os revertamos em doses de conscientização histórica. Quando, porém, falamos de uma produção saída do forno, não parece razoável que se aceite a publicação de obras infantojuvenis que insistam em coisa do tipo.

Claro que não é simples entender o que seria propalar ideias assim. Os exemplos parecem ir de vento em popa quando lemos “preta que nem uma macaca de carvão” ou quando o leão explicita sua doutrina das raças para os animais da selva. O problema é que existem gradações onde os vermes do racismo se confundem com questiúnculas ou acarretam, estranhamente (mas não implausivelmente), ganhos estéticos ao texto, à maneira de pensarmos na misogonia de alguns narradores de Roth. Sendo assim, o tipo de perspicácia requerida para o leitor sensível parece se tornar tênue e volátil a tal ponto que a ideia se tornaria indesejável, afinal de contas se por um lado é fato que uma obra abertamente eugenista seria varrida por qualquer editor sadio, por outro, quando observamos que a parcela de obras assim é reduzida e beira a inexistência, resta entender como demarcaremos a área de atuação do leitor sensível a fim de que ele respeite o espaço em branco inerente a qualquer obra ficcional, ainda que esse espaço em branco se assemelhe para alguns a uma esterilização (“venha pra literatura: aqui ignoramos seus erros!”) ou salvo-conduto (“pode matraquear à vontade”).

Além do mais, não sejamos esperançosos demais com a ideia. Até que ponto os leitores sensíveis são aptos a identificar os nuances de um texto literário? Não ponho minha mão no fogo. Existe sim a possibilidade de que a simples detecção de um vocábulo incômodo na superfície do enredo leve o indivíduo a arremessar as laudas na lata de lixo, ou de que uma divergência ideológica simples (o fato, por exemplo, de que o escritor não tenha seguido a linguagem da tribo) leve ao banimento do texto. Seria de fato péssimo se algo assim ocorresse, e a depender de quão depravada é a mente do leitor sensível, tanto pior para a editora, que, aceitando um aval desmiolado, perderia a chance de abraçar uma obra porventura interessante. No entanto, isto seria analisar apenas parte da questão, afinal de contas concomitante a tal possibilidade está aquela de que uma concepção de mundo trancafiada nas masmorras de um condomínio horizontal passe pelo crivo de um leitor que apenas diga que, olha, não, as coisas não são bem assim lá fora.





Nos Cantos de Maldoror o poeta se dirige a nós desejando que passemos por aquele livro sem que nossa alma se dissolva à maneira do açúcar na água. Não é pra menos: no terceiro livro ouvimos a história de quando o protagonista, passeando com seu buldogue, avistou uma criança repousando à sombra de um plátano. Num acesso de crueldade e bestialidade ele se despe e, em plena luz do dia, estupra a criança, no que logo após ordena ao cão que a estraçalhe. Mas o que ocorre é muito pior: o buldogue também violenta a garota.

É um exemplo. No “Bonde da mutilação”, a banda mineira UDR 666 canta:

           Pegue uma velha,
           deixe ela pelada
           ponha fogo no cabelo
           e apague na paulada

Ou:
         
           Sangue nas paredes,
           vísceras no teto
           o bonde carnificina
           não perdoa nem os feto

É claro que letras assim geraram um processo sólido feito um pedregulho, tudo na base do juridiquês que se em forma de cantilena ficaria mais ou menos como:

           Nenhum direito nosso é pleno:
           Se dois se opõem, eu os concateno
           E vejo qual que se destaca
           Pra que proteja a parte fraca!
                      [Todos dão um gritinho]

(E realmente. Ao anunciar seu término, a própria banda disse: “A UDR reitera que sempre promoveu a inclusão, o combate a toda e qualquer forma de preconceito e o questionamento das mazelas da nossa sociedade, por meio da sátira e do escárnio.”)

Nada disto, contudo, torna as coisas menos incômodas. E que fique claro: não há problema algum em reputar como incômoda e mesmo se afastar de uma literatura que apregoe ou exponha de maneira tão crua um lado brutal da realidade. É verdade que não podemos agir como se ele não existisse, mas, de resto, atitudes assim permeiam nosso clube de leitores de maneira muito mais extensa do que se quer aceitar. A existência de leitores sensíveis não expressa um temor de que assuntos determinados causem arrepios na pele de um nicho qualquer. Isto, embora seja pauta também de setores mais atordoados da militância, é o que costumamos reunir sob o rótulo dos trigger warnings.

Estamos falando de um trato que busque zelar por uma representação justa da realidade tendo como enfoque a literatura infantojuvenil. A sensitividade aludida na expressão, assim sendo, não diverge da pretensão dos neorrealistas de nosso tempo, antes convergindo no que diz respeito a uma sensibilidade (maleável esse termo, não acha?) relativa àquilo que acontece no mundo quando resolvemos fechar o livro por alguns instantes.

Se me for dado provocar um pouco, eu diria que a liberdade de criar narrativas de cabresto não será vedada a nossos intrépidos escritores, orgulhosos de pertencerem a uma perspectiva de mundo (“perspectiva do alpendre”, diz Regina Dalcastagnè) onde os problemas da realidade se reduzem a uma questão de choques ou estarrecimentos e jamais a uma necessidade de que mudemos nosso relacionamento com o mundo. Nestes termos, embora antagônicas até o fim dos dias, a crítica conservadora e a crítica, por assim dizer, militante, encontram um ponto de apoio fecundo: enquanto os primeiros criticam que a postura materialista se contente com o escrutínio de situações degradantes, como se isto dissesse respeito aos verdadeiros embates que permeiam a estadia humana, necessariamente provisória, no terceiro planeta do sistema solar, os últimos estão atentos e críticos àquela literatura que fala das ruas das maneiras enviesadas de sempre e que batalha pela liberdade de expressão só até o ponto em que ela requenta o dramalhão. Que tipo de sensibilidade, afinal de contas, pode existir na literatura brasileira quando a mulher negra ou a mulher trans só aparecem como pano de fundo para cena de crime?

Longe de mim meter a colher no seu flerte com grandes editoras. Veja minha cara de ânimo com sua trama envolvendo diretores de cinema alternativo em crise criativa. A existência de leitores sensíveis é e sempre será uma opção editorial a ser trancafiada entre quatro paredes. Editores temerosos de que um livro politicamente incorreto acabe por enfiá-los numa enrascada é algo que termina por desvelar, evidentemente, uma nêmesis explícita. Todavia, sempre existirão aqueles outros que saberão dilatar as narinas e borrifar um pouco de aromatizador diante do mofo moral de algumas outras.

Afinal de contas, nem mesmo as mentes mais liberais parecem ter entendido o âmbito de atuação reduzidíssimo dos leitores sensíveis no mercado editorial. Se uma editora optar por crivar um livro de José de Alencar todinho de pareceres “sensíveis”, isto não é censura à literatura. Se outra, como exemplificado antes, pegar meu original o rechaçá-lo dizendo claramente que ele não passou pelo crivo ideológico da editora, isto também não é censura. As únicas situações que aparentariam algo do tipo seriam aquelas onde o Leviatã desse as caras, a exemplo do que ocorreu com o Caçadas de Pedrinho e a proposta de que fosse retirada do PNBE. O problema, todavia, é que ainda assim a discussão sobre censurar a literatura erra o alvo, uma vez que é a centralização do processo de distribuição de livros a escolas nas mãos de uma entidade burocrática central que acaba se revelando o grande vilão da história. A alegada “censura” à literatura seria quando muito epifenômeno.

Com isto não quero dar a entender que a literatura precisa se contentar com um neoplatonismo que rechace representações literárias por reputá-las distantes demais da realidade ou de ideais utópicos. Filhotes aristotélicos, já sabemos que a reordenação dos materiais fáticos exige apenas algumas pitadas de verossimilhança. A disputa pelo realismo que me parece implícita na discussão sobre os leitores sensíveis, com, de um lado, entusiastas do tratamento de choque e, do outro, advogados de um mundo ficcional iridescente; a disputa como um todo pode sucumbir e chegar a níveis simplistas que desconsiderem, cada qual a seu modo, a efabulação inevitável para que toda literatura venha à tona.

É provável que isto indique uma mudança de parâmetros valorativos. Conheço muitos leitores que elogiam um livro apenas porque trata de temas necessários para uma agenda qualquer. Para um formalista caquético como eu, nada poderia ser mais estranho, mas não se pode dizer que o comentário seja desprovido de senso numa realidade literária onde, como sugeri há pouco, o perfil étnico dos escritores e a visão de mundo por eles apresentada guarda em seu íntimo uma monotonia gritante. Os leitores sensíveis, que em todos os casos se limitam a ser uma opção editorial pura e simplesmente, podem servir para que alguma coisa desta monotonia seja minada partindo de outros prismas. Não vejo como a ideia se resumiria ao pandemônio que alegam, muito embora reconheça que nas mãos de parcela da militância ela facilmente se degrade e enuble, à maneira do que pseudoliricamente foi mencionado, os sóis do talento artístico.