Banzando XVII.



Um crítico, um papagaio e uma loira entram em um bar, texto de Camila von Holdefer para o blog da Carambaia, aqui:

Mas, salvo raras exceções, a crítica tem se mostrado mais conservadora, ou menos disposta a negociar com a pós-modernidade sem perder o que tem de mais essencial.

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Wilson Martins. Parte V de seu Velhos e moços, de 02/12/1954:

O erro possível e até frequente do diagnóstico conta pouco em face da honestidade da intenção. Errar fará parte inseparável das minhas imperfeições humanas; colocar o problema com exatidão pertence à natureza mesma da atividade crítica.

E com isso creio que muita pena pode parar de ser corrida.

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Alexander Pope na segunda parte de Essay on criticism:

        While they ring round the same unvary'd Chimes,
        With sure Returns of still expected Rhymes.
        Where-e'er you find the cooling Western Breeze,
        In the next Line, it whispers thro' the Trees;
        If Chrystal Streams with pleasing Murmurs creep,
        The Reader's threaten'd (not in vain) with Sleep.
        Then, at the last, and only Couplet fraught
        With some unmeaning Thing they call a Thought,
        A needless Alexandrine ends the Song,
        That like a wounded Snake, drags its slow length along.

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Mulheres poetas, vibrantes porém ignoradas, aqui, útil compilação de Inês Castilho. Se eu ainda estivesse no pique de atualizar meu Kit, evidentemente incluiria esse texto com a maior felicidade do mundo. Pois a esse respeito, não sei se os textos que escrevi sobre o assunto foram claros o suficiente (e às vezes tenho a impressão que não muito: tem um que eu acho horrível, até), mas minha opinião é de que se nós quisermos fazer algo em prol da literatura feminina mas sem abdicar de um espírito crítico (que pode ser traduzido pela busca da excelência artística sempre e acima de tudo), nós então podemos, ao invés de estabelecermos uma espécie de cotas ou de ficarmos a vida inteira contrabalançando porcentagens, ler mais mulheres assim como ler mais autores de qualquer estrato marginal que seja (por exemplo autores de outros estados ou autores de editoras menores). Pois isso sim ajuda: oxigena os ares, por exemplo. Pode ser que desse nosso esforço em ler mais autores fora do quadrado simplista de nossas preferências pessoais imediatas, ou mesmo do circuito de vendagem; pode ser que esse esforço não resulte numa tabela "justa", isto é, pode realmente ser que mesmo lendo mais mulheres, nossa lista de homenzinhos que julgamos bons continue maior mesmo tendo em vista que o número de mulheres na sociedade é tanto e o número de homens não sei quanto (e o resto da matemática que você conhece bem). É, é, pode acontecer isso sim. Mas se você se esforçou em ler (ou melhor: se você se esforça, visto que esse não é um trabalho que pode ser relegado a um pretérito: é algo que deve ser feito sempre), então você correu atrás e buscou pela excelência longe de seu escopo imediato. Isso é o mais importante. Claro que existem outras várias discussões a respeito, como por exemplo a de você mesmo se questionar se se reinventou o suficiente diante de novas formas de poesia que porventura lhe tenham sido apresentadas; mas o grosso da questão é que se você realmente se preocupa com questões assim (e se você possui qualquer pretensão crítica que seja, é bom que você se preocupe), o que você deve fazer é isso: ler mais. Ler mais: leia-se: ler com mais diversidade. Isso de colocar mais gente na sua lista de preferência ou no seu cânone particular são outros quinhentos (e no fim das contas, nós precisamos convir: o coração da crítica não reside aí...).

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A forma mais prática de não cumprir resoluções é simplesmente estabelecê-las. Todavia, como o ritmo de postagens do blog há pelo menos um ano não tem me agradado nem um pouco, creio que posso tentar ser um tiquinho honesto e estabelecer que buscarei escrever um texto por semana, de preferência sábado na hora do almoço, e sempre do tamanho habitual.

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Por fim, apenas à guisa de conclusão desta edição relâmpago da série Banzando, confesso: amo meu Kindle. Aquelas discussões a respeito do fim do livro, que no início eu tomava de forma literal pra só depois entender que na verdade eram uma forma exagerada de intitular a briga entre livro digital e livro físico; bem, essas discussões euzinho aqui pontuo desse jeito, ó: quero mais é que os livros digitais inundem o mercado. Esse troço é bom demais da conta!